Na coluna desta semana, temos como convidado um ator que está estourando
no teatro, em um musical.
Diego Luri, jornalista, ator. Idade? Segundo ele “a idade do ator é a
idade de seu personagem”.
Nasceu em Campo Grande, bairro onde vive até hoje. Iniciou a sua vida escolar no Colégio Nossa Senhora do Rosário, no
ensino médio, fez um tour passou pela Escola Técnica do Rio de Janeiro (RJ)
para fazer técnico em Informática Industrial, mas como não tinha menor vocação,
voltou para o ensino comum, no Santa Mônica Centro Educacional e, finalizou os
estudos no Educandário Monteiro Lobato, já na Estrada do Iaraquã. E se graduou
em Jornalismo pela Universidade Gama Filho.
Diego conta que desde criança quis cantar e interpretar, mas seu pai
nunca foi muito ligado nas suas aptidões artísticas e sua mãe não tinha
condições de pagar cursos para ele. Então começou a fazer teatro aos 13 anos,
em um cursinho que funcionava no colégio que estudava. Depois fez peças
amadoras e trabalhou por anos dirigindo um grupo de teatro da Igreja que
participava.
Durante o tempo de faculdade e formação como jornalista ficou parado.
A decisão de se tornar Jornalista foi, pois precisava de uma “profissão
de verdade”, já que os pais dele, principalmente o pai, não acreditava na carreira
de ator, dizia que era coisa de sonhador, que não dava futuro. E a mãe não
apoiava por valores morais e religiosos. Com o passar do tempo, sua mãe viu e
entendeu o que era a profissão de ator e começou a dar mais apoio. Diego conta:
“Minha mãe começou a entender que a profissão não era bem como ela pensava
(risos) e começou a dar mais apoio e a segurar minhas barras pra pagar cursos e
tudo o mais”.
Contudo uma profissão “de verdade” se tornou uma necessidade para Diego,
pois se carreira de ator não desse certo, teria outra para ser garantir. Como é
amante da escrita e da Comunicação, o Jornalismo veio a calhar. “Eu sabia bem
que fora da Arte, só conseguiria me envolver com a Comunicação”. Já no segundo período de faculdade começou a
estagiar em um programa de televisão cultural.
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A carreira de ator começou depois de formado e com emprego regular como
jornalista e com a certeza que poderia se estabelecer na carreira se quisesse.
Tendo seu próprio dinheiro, pode pagar seus cursos e correr atrás de seus
sonhos, começou a audicionar para espetáculos quando estudava na Casa das Artes
de Laranjeiras (CAL). Logo passou em uma e outra, e não parou mais. Apesar da
carreira de ator, a Comunicação ainda faz parte de sua vida. Está tentando
conciliando as duas carreiras da melhor forma possível.
Suas apresentações em Campo Grande
Em 2007, quando começou a fazer teatro, a montagem foi a peça “Os
Incríveis Anos 60", com direção de William Vita, baseada no filme Grease. Anos
depois, voltaria como o Horloge, de a Bela e a Fera. Mas na época que a peça
foi para Campo Grande, estava em um musical no Teatro Ipanema e não teria tempo
de fazer as duas. E quem acabou fazendo foi seu substituto, o ator Yuri
Goldenberg. Algum tempo depois fez uma apresentação única na Lona Cultura Elza
Osborne participando de um show de humor chamado Total Comedy, com Sil Esteves,
Fábio Nunes, Flávio Lobo e uma galera bem legal de comédia.
Total Comedy - Direção: Flávio
Lobo Cordeiro. Produção: Leonam Ferrari.
Sinopse: Um espetáculo onde tudo
é improvisado. Jogos que contam com a participação
do público para a criação de
esquetes cômicos, garantindo gargalhadas do início ao fim.
Sua trajetória profissional
Na Televisão
Começou como repórter no programa Mosaico, produzido pela TV Gama e
veiculado no atual Canal 11 da NET-Rio. Depois, apresentou o programa Vida e
Missão, produzido pela Igreja Metodista do Estado do Rio de Janeiro, fazendo
entrevistas e cobrindo trabalhos sociais. O programa era veiculado na Band Rio
e posteriormente passou para a CNT.
No Teatro
Grande parte da carreira tem sido dedicada a espetáculos para a família,
com classificação livre, e a musicais. Teve a oportunidade de ser dirigido por
um dos maiores conhecedores de teatro musical no nosso país, Paulo Afonso de
Lima, e fez dois espetáculos com ele, com a direção musical de Patrícia Evans.
Estava fazendo Porquinhos - O Musical, no Teatro NET-Rio, quando foi aprovado
para o elenco de Shrek. Seria a minha primeira grande produção.
Na Música
Integrou o grupo vocal Réus Confessos, que já fez participações no
programa da Xuxa, no QST (do SBT) e entre outros. Gravei uma versão da música
YMCA para a novela Morde & Assopra, da Rede Globo, que foi utilizada em
cenas do personagem Áureo, interpretado pelo André Gonçalves.
O Musical Shrek.
Diego conta: “Sempre fui um grande amante do teatro musical. Mas Shrek
foi minha segunda grande audição. A primeira foi para o espetáculo "O
Mágico de Oz", da Aventura Entretenimento, dirigido por Charles Moeller e
Claudio Botelho, que inclusive é responsável pelas versões brasileiras para as
músicas de Shrek. Foram 1.200 inscritos, 800 selecionados para as audições e
quatro etapas de seleção. Canto, dança, interpretação. Por fim, acabei sendo
eleito para o personagem título”.
Sua rotina
“Olha, embora a gente só esteja em cartaz de quinta a domingo, a rotina
é bem puxada. Sábado e domingo são duas sessões. Eu chego meio-dia ao teatro e
saio de lá às 22h ou 23h. A equipe calcula cerca de três horas para a minha
caracterização. Temos feito em menos, em duas horas aproximadamente, mas é
necessária essa margem de uma hora para emergências. Como o figurino é pesado
(cerca de 8,5kg), existe uma fisioterapeuta que me auxilia nesse processo. O
calor também é um fator crucial. Além dos aparelhos de ar condicionado que têm
que estar funcionando à máxima potência, também trabalhamos com ventiladores
tufão nas coxias, onde a cada final de cena a maquiadora faz reparos na máscara
e manutenção na pintura. Meus dias livres acabam passando bem rápido. A minha
segunda-feira uso para descansar ao máximo. Terça-feira faço cursos e na
quarta-feira resolvo pendências burocráticas. Como moro longe do teatro, acaba
sobrando bem pouco tempo pra mim.”
Como esta rotina semanal, Diego comenta que é preciso se cuidar. Além de
procurar estar sempre se reciclando em aulas, é muito importante cuidar da voz
e da saúde. Evitar excessos, dormir bem e se alimentar adequadamente. E diz: “Eu,
por exemplo, se não tiver pelo menos oito horas de sono antes da sessão, isso
compromete um pouco o meu desempenho. Talvez o público não perceba algo tão
crítico, mas eu sei que não estaria dando o meu melhor. A voz não fica tão
limpa. O corpo não fica tão disposto. Então, é muito importante, sim, se
cuidar”.
Quanto ao incêndio que chocou o país e suas repercussões, teatros e
casas e espetáculos interditados, ele comenta: “Muita gente fez apelos pela
reabertura dos teatros e tudo o mais. Eu sei que, apesar da negligência que se
foi feita com o cuidado dessas casas de show até agora, se essa atitude não
fosse tomada coisas piores poderiam acontecer. Não adianta reclamar pelo que
não foi feito nos anos anteriores. É legal estudar o que pode ser feito a
partir de agora. A medida que se encontrou foi fechar os teatros que não
estavam em condições adequadas para receber o público. É um risco que não se
pode correr. A segurança e a integridade física do público, da equipe do
espetáculo e do teatro precisam ser preservadas acima de tudo. Eu sei que foi
um baque financeiro pra muita gente. Mas, como deixaram chegar a esse ponto,
foi necessário fechar até regularizar a situação. Manter esses teatros abertos
é se assemelhar aos seguranças que mantiveram aquelas pessoas dentro da boate
gaúcha. Cruel, mas real. Quanto ao Shrek, o Teatro João Caetano não foi
interditado e mantivemos a nossa programação normalmente. Espero que todos os
teatros voltem a funcionar normalmente o mais breve possível. A classe
artística e a população precisam disso. Pelo bem da Cultura”.
O Blog perguntou a ele o que falta em Campo Grande para aumentar a
frequência de peças e público nos teatros do bairro e ele nos respondeu com
muita propriedade: “Educar a região sobre a importância da cultura e divulgar
bem os espetáculos. Falta um incentivo real à arte, principalmente nas escolas.
As peças em Campo Grande têm público, quando bem divulgadas. O que falta é
trazer espetáculos. O que falta é cuidar bem dos nossos teatros. Falta criar
mais internamente também. Casas e espetáculos”.
Diego ainda mora em Campo Grande, apesar de ter ficado um tempo em
Copacabana, acabou voltando. Mas como todos que moram em Campo Grande e
trabalham no Centro ou na Zona Sul leva até cinco horas de ida e volta em
transporte. Só por esta razão, está pretendendo se mudar em breve. Ele diz “Eu
adoro Campo Grande. O grande problema, pra mim, realmente tem sido a distância.
Levo até cinco horas de ida e volta em transporte em dias de trabalho. Por
isso, e apenas por isso, pretendo me mudar brevemente. Mas adoro Campo Grande”.
E finaliza:
“Parabéns pelo trabalho. Tem muita gente da Zona Oeste em atividade por
aí. A própria Dragona, do espetáculo Shrek, é moradora de Santíssimo. Outros
atores como William Vita, Bruno Macedo, Karen Coelho, Ricardo Ferreira,
Rafaella Ferreira e tantos outros já moraram no bairro. E que se produza mais e
mais propagadores da arte aqui em Campo Grande. Um grande beijo pra você e pros
leitores do blog. ;)”
Somos nós que agradecemos a você.
Que mais espetáculos venham para nosso
Bairro.
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